domingo, 22 de abril de 2012

Entrevista a Drª Maria da Glória Souto


Pergunta: Sabe em que ano ocorreu o 25 de abril?
Resposta: Sim, em 1974.
Pergunta: Porque se chamou o “Movimento dos Capitães”?
Resposta: Porque foram os capitães que tomaram a iniciativa de se manifestarem.

Pergunta: Que alterações provocou o 25 de abril, na sua vida? 
Resposta: A única alteração que provocou na minha vida foi que os diretores acabaram. Como eu era diretora na altura… passei a ser só professora.

Pergunta: Acha que houve mudanças na maneira de pensar ou agir das pessoas?
Resposta: Muitas, por exemplo: As pessoas deixaram de ter medo de se expressar, de fazer determinadas coisas e foi um período que se viveu intensamente.
Comove-me pensar na grande alegria sentida pelo meu pai - um republicano de sempre - que pôde ver a mudança de regime. Desde que tenho memória, vi-o sucessivamente apoiante de Norton de Matos, Quintão Meireles e Humberto Delgado… Foi uma longa, longa espera. Senti-o feliz.

Pergunta: O que foi a guerra colonial?
Resposta: Foi uma guerra que durou aproximadamente 13 anos em que os países africanos de língua portuguesa tentaram ficar independentes, mas como pertenciam a Portugal teve de haver uma guerra.

Pergunta: A guerra colonial teve alguma ligação com o 25 de Abril?
Resposta: Sim bastante.
Pergunta: Que ligação?


Resposta: Os militares especialmente capitães queriam acabar com a guerra e para acabá-la tinham de mudar o regime em Portugal. E no 25 de Abril as pessoas que já estavam fartas de perder entes queridos na guerra decidiram acabar com ela dando a independência às colónias africanas.
Pergunta: Acha que as coisas melhoraram ou pioraram?
Resposta: Melhoraram e muito.
Pergunta: Porquê?
Resposta: Porque as pessoas passaram a ter regalias e direitos que antes não tinham.
Pergunta: O que é que não se podia fazer antes do 25 de abril?
Resposta: Não nos podíamos expressar (não havia liberdade de expressão), havia censura a jornais, revistas e livros, também não havia alguns direitos por exemplo: as mulheres não podiam exercer alguns cargos, era preciso licença de isqueiro, não havia partidos políticos e as eleições não eram livres.
Pergunta: Onde estava nesse dia?
Resposta: Em Lisboa numa reunião.
Pergunta: Quantos anos tinha?
Resposta: Tinha 34 anos.
Pergunta: Sabia o que estava a acontecer?
Resposta: Não, ninguém sabia.
Pergunta: Como era a sua vida antes de acontecer o 25 de Abril?
Resposta: Era boa, não houve grande diferença.
Pergunta: O que aconteceu nos dias seguintes?
Resposta: Tentávamos seguir as notícias para ver o que se tinha passado. Assisti pela TV à saída dos presos políticos de Cachias, vi a chegada de Mário Soares e depois de Álvaro Cunhal. E alguns dias depois houve muitas manifestações e pela 1ª vez comemorou-se o 1º de Maio.
Pedro Miguel Souto, 6º C, Entrevista à avó






1 comentário:

  1. Olá, Pedro!
    A equipa da Biblioteca Escolar agradece o empenho demonstrado nos trabalhos que produziste, no âmbito da comemoração do 25 de abril, contribuindo para o teu enriquecimento pessoal e para o do nosso blogue. O relato que a tua avó faz dos acontecimentos de abril é fabuloso. Um agradecimento muito especial à Drª Maria da Glória.

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