O que foi o 25 de abril de 1974?
O 25 de abril de 1974 foi um
levantamento militar que restaurou a democracia em Portugal. Até aí tinha
vigorado um regime ditatorial de 48 anos (desde 28 de maio de 1926 até 1974) e
que foi conhecido pelo nome de Estado Novo.
Reconstituição do movimento dos capitães no filme português de
Maria de Madeiros «Capitães de abril».
O golpe foi conduzido pelos oficiais de patente intermédia da hierarquia militar (o MFA), que, na sua maior parte, eram capitães que estavam fartos de ser «carne para canhão» na Guerra Colonial. Foram eles os grandes protagonistas deste movimento revolucionário e por esse facto o 25 de abril é comumente chamado o movimento dos capitães. Sublinhe-se, contudo, que a motivação do golpe por parte destes militares não é tão pura quanto se quer fazer crer. Considera-se, em termos gerais, que esta revolução trouxe a liberdade ao povo português, muito embora de início tenha havido muitos desmandos protagonizados pela esquerda e extrema-esquerda. Concretamente, logo após a revolução, foi criado o COPCON (Comando Operacional do Continente), chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho, que inclusivamente capturava pessoas e usava mandatos de captura em branco. Na prática, era como se fosse outra PIDE.
O que foi a Guerra
Colonial?
A guerra colonial foi o conflito militar que opôs a potência colonizadora (Portugal) aos movimentos nacionalistas e independentistas africanos (FRELIMO, PAIGC, MPLA, etc). Resultou da circunstância de todas as outras potências coloniais terem já concedido a independência às suas colónias, enquanto, teimosamente, o governo português se negava a conceder aos territórios africanos a autodeterminação, dando origem à famosa expressão cunhada por Salazar «orgulhosamente sós.»
Por que motivo o 25 de abril é conhecido como o «Dia da Liberdade» e também a «Revolução dos Cravos»?
Um fotograma do filme «Capitães de abril» de Maria de Medeiros.
Denomina-se
"Dia da Liberdade" o feriado instituído em Portugal para comemorar
esta revolução, que não foi marcada pela violência habitual de uma revolução: o
povo ofereceu cravos aos militares que as colocaram no cano das armas,
simbolizando o renascer da liberdade, depois de um longo período de repressão
do regime ditatorial do Estado Novo.
E o cravo vermelho transformou-se no
símbolo da revolução!
Que alterações trouxe o
25 de abril à vida do país?
Formalmente Portugal entrou num
período de grande efervescência: criaram-se alguns partidos políticos que se
juntaram a outros que já existiam na clandestinidade, mas as condições de vida
da população não melhoraram de imediato. Houve ainda uma série de golpes (28 de
Setembro e 11 de março) até que a 25 de novembro de 1975 um pronunciamento
militar chefiado por Ramalho Eanes afastou a esquerda radical do cenário
político e o país teve finalmente condições para ter um regimo democrático
pluralista sem tutelas militares ou totalitarismos ideológicos. No entanto, sob
o ponto de vista dos melhoramentos socioeconómicos, só a partir da adesão à
Comunidade Europeia é que estes se tornaram mais visíveis.
Houve alterações na maneira de pensar e agir
das pessoas?
A princípio, o povo apaludiu a chegada da liberdade e participou ativamente em comícios e celebrações. Isto entende-se, de certa forma, porque o regime anterior encorajava o silêncio e o conformismo que tornavam mais fácil a manipulação das pessoas e da sua maneira de pensar. Os partidos políticos fervilhavam em reuniões constantes e atividade permanente, gerando, aqui e além, um clima de confronto. Hoje em dia, na ressaca desses tempos, voltámos a uma certa apatia de que são um bom exemplo os sindicatos e os próprios partidos políticos de onde estão cada vez mais ausentes o debate e o confronto de ideias.
Antecedentes históricos
Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, que terminou com a 1ª república fundada a 5 de Outubro de 1910, foi implantado em Portugal um regime autoritário vagamente inspirado na nova ideologia fascista personificada em Itália por Benito Mussolini. (foto ao lado)
<><>
>
<><>
> | <><>
>
<><>
>
Depois da Constituição de 1933 ter sido aprovada pelo parlamento, onde os deputados eram todos eleitos por um único partido, o regime é remodelado, autodenominando-se Estado Novo e Oliveira Salazar passou a controlar o país, não mais largando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na sequência de uma queda da cadeira que ficou famosa e na qual sofreu lesões cerebrais. Foi substituído, ainda nesse ano, por Marcelo Caetano que dirigiu o país até ser deposto no 25 de Abril de 1974.
Durante estes 48 anos:
Ø as liberdades civis estiveram canceladas;
Ø os partidos políticos foram proibidos;
Ø e instituiu-se a censura prévia.
<><>
>
<><>
>
Oliveira Salazar numa capa da revista Time (22 de Julho de 1946).
| <><>
>
<><>
>
Formalmente, existiam eleições,
mas estas foram sempre contestadas pela oposição, que sempre acusou o governo
de fraude eleitoral e de desrespeito pelo dever de imparcialidade. O Estado
Novo possuía uma polícia política, a PIDE, que perseguia os opositores do
regime.
Em 1973, a publicação do livro Portugal e o Futuro (Marechal Spínola)
que questionava a continuação da Guerra Colonial, desencadeou a intervenção do
exército, mais concretamente dos capitães, que estavam mais expostos ao
confronto militar e se consideravam mal pagos.
O dia da Revolução de abril
Capa do single «E depois do adeus.»
Às 22:55 do dia 24 passa a canção
”E depois do Adeus”, de P. de Carvalho, (um
dos sinais combinados) que inicia o golpe de estado. O segundo sinal dado às 00:20, com a canção ”Grândola Vila
Morena“, de José Afonso, confirma o golpe e marca o início das operações. Ao
amanhecer, o povo juntou - se aclamando os militares revoltosos e forma-se a
Junta de Salvação Nacional, constituída por militares que procederá a um
governo de transição. O essencial do programa do MFA é resumido no programa dos
três D: Democratizar,
Descolonizar,
Desenvolver.
Alexandra Pires, 6º C, nº 1