quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Trabalhos dos alunos do 5.º B

No rescaldo do dia de S. Martinho, deixamos aqui alguns trabalhos ligados a esta celebração, feitos por algumas alunas do 5.º B, sob a orientação da professora da disciplina de Português.
A todos os envolvidos, apresentamos os nossos parabéns e agradecemos a participação.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Atividades do MIBE - Descobrir Caminhos para a Saúde e o Bem-Estar

No âmbito do plano de atividades, do MIBE (Mês Internacional das Bibliotecas Escolares), decorreu uma sessão de cinema, no Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, apresentada aos alunos do 12.º A e 12.º B, no dia 16 de outubro.
Foi projetado o filme "O Ano da Morte de Ricardo Reis", baseado na obra de Saramago, que é de leitura obrigatória para o 12.º ano.
O evento teve a colaboração da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa e o envolvimento das professoras de Português e dos alunos, das referidas turmas.
Na sessão de abertura estiveram presentes (da esquerda para a direita) o Dr. João Paulo Sousa, vice-presidente da Câmara Municipal, a vice-diretora do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Foz Côa, professora Maria João Fragueiro e a atual professora bibliotecária, professora Isabel Marques da Silva.
A Biblioteca Escolar endereça a todos um agradecimento reconhecido por terem possibilitado a realização do mesmo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

 

Não deixa de ser curiosa a fortuna de alguma da novelística portuguesa contemporânea. De há uns anos a esta parte, muitas das obras que pautaram, grosso modo, as últimas quatro décadas da produção ficcional no nosso país foram objeto de adaptação cinematográfica ou televisiva, com resultados francamente encorajadores. “Equador”, de Miguel Sousa Tavares, foi um sucesso nos escaparates e reincidiu no mesmo sucesso aquando do seu transporte para o pequeno ecrã. “Balada da Praia dos Cães”, de José Cardoso Pires, foi um livro muito bem acolhido, quer pelo público, quer pela crítica e, daí a passagem ao celulóide ter sido quase instantânea. “Crónica dos Bons Malandros”, de Mário Zambujal, foi um fenómeno de bilheteira catapultado pelo sucesso que o livro alcançou nas livrarias.

Aqui chegados, contudo, uma questão importa colocar: a circunstância de uma narrativa se transformar em bestseller é, por si só, garantia de sucesso a nível de bilheteira?

Vem isto a propósito do último objeto fílmico baseado num romance de José Saramago: “O Ano da Morte de Ricardo Reis” – sabemos que a narrativa, dada à estampa no ano de 1984, não repetiu o êxito, esse sim, retumbante, que Saramago colhera dois anos antes, com “Memorial do Convento”. Em abono deste último, poderemos aduzir que alguém jamais se atreveu a transpor para a grande tela as aventuras de Baltasar e Blimunda, no entanto há uma constante, ou, melhor dizendo, uma maldição a pairar nas películas de João Botelho: não importa se o livro teve boa ou má carreira a nível de vendas – João Botelho é um caso evidente de inexistente apetência para a sétima arte.

Para este juízo, baseamo-nos, justamente, em duas películas realizadas por este “cineasta”: “Os Maias”, de 2014, (inspirado no romance de Eça de Queirós) e “Quem és tu?”, de 2001, (adaptado a partir de “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett). Em ambos os casos estamos em presença de um cinema anémico, entediante e soporífero que desmerece dos textos-fonte onde bebeu a suposta inspiração. Acresce, ademais, a estes preocupantes exercícios fílmicos, a circunstância de aqueles textos literários oitocentistas serem referências seminais e objetos literários de créditos firmados e ampla divulgação: são, “apenas” duas das maiores glórias editoriais do nosso século XIX.

Se João Botelho havia já prestado um mau serviço, nas suas desastrosas adaptações de dois dos nossos maiores clássicos, quem o terá persuadido a reiterar o seu impudente sendeiro? Eis o denso mistério que não conseguimos deslindar...

O cineasta comete, logo de início um clamoroso erro de “casting” ao atribuir o papel de protagonista a um Chico Diaz que, manifestamente não convence: a qualquer altura esperamos que o ator descambe num sotaque nordestino e desate a cantar forró. Luís Lima Barreto corporiza um Fernando Pessoa entre o bronco, o indecifrável e o introspetivo dando-se ares de um esoterismo bacoco e egocêntrico; Lídia (Catarina Wallenstein) e Marcenda (Victoria Guerra) passam pelo filme como dois manequins a dificultarem a escolha de Ricardo Reis (o que torna difícil ao espetador desprevenido sentir alguma espécie de empatia pelo protagonista). O protagonismo de Reis é, aliás, uma das debilidades maiores da película, uma vez que as restantes personagens secundárias acabam transformadas em meros acessórios pelo travejamento narrativo.

A própria intriga(?), centrando-se no ano de 1936, está muito marcada pelo contexto histórico que é omnipresente, mas do qual as personagens não se parecem saber libertar. Há, igualmente, uma evidente dificuldade de transposição do texto literário para o celuloide: as intertextualidades que proliferam no texto saramaguiano são dificilmente perceptíveis no filme de João Botelho.

Um outro aspeto “manqué” na anterior filmografia do realizador e que aqui se afirma, uma vez mais, é o escasso sentido cinemático das suas produções. Há um pavoroso arrastamento da ação que quase nos mergulha num colapso nervoso e, para compensar, as personagens desempenham, por vezes, um “overacting” mais exagerado ainda pelo jogo de luzes e sombras que faz lembrar o expressionismo alemão. Será propositado?

Os únicos pontos positivos, quanto a nós, residem em alguns belíssimos detalhes da fotografia a aproveitar as poéticas deambulações do protagonista por uma Lisboa a preto e branco e a música de Daniel Bernardes que consegue captar, quanto a nós, a ambiência simultaneamente melancólica e fechada do Estado Novo. No cômputo geral, Saramago merecia um cineasta à altura dos seus pergaminhos.

                                                                   Gabriela Pires, 12.º A