terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Patrono do Agrupamento

FRANCISCO ANTÓNIO DE CAMPOS HENRIQUES


(1780-1873)

Francisco António de Campos Henriques nasceu em Vila Nova de Foz Côa, a 1 de Novembro de 1780, e veio a falecer em Agosto de 1873, viúvo, sem descendentes e na posse de uma grande riqueza.Era filho de Luís de Campos Henriques, grande proprietário no concelho de Vila Nova de Foz Côa, e de Angélica Mendes da Silva.Na Universidade de Coimbra, matriculou-se no curso de Leis em 1796 e obteve o respectivo bacharelato em 1801. Deslocou-se, depois, para Lisboa, em virtude dos negócios que desenvolvia e pelo facto de ser o guarda-livros do contrato do tabaco da comarca da capital.Eleito deputado às Cortes Ordinárias de 1822, pela divisão de Lisboa, tomaria o seu lugar em 20 de Novembro do mesmo ano. Foi tesoureiro das Cortes e pertenceu à Comissão do Comércio e à comissão especial encarregue da reforma das pensões.Ainda em 1822, tornou-se sócio da Sociedade Literária Patriótica, associação política que propugnava a doutrina liberal e a divulgação dos seus princípios.O encerramento das Cortes, na sequência do golpe da Vila-Francada, afastou-o dos negócios públicos até 1826, altura em que, depois de outorgada a Carta Constitucional, foi eleito deputado às Cortes, pelas províncias da Beira e Estremadura, tendo tomado posse a 6 de Novembro do referido ano. Nesse mandato, integrou a 7.ª Comissão Central, as comissões administrativa e da fazenda e as comissões especiais para a elaboração do projecto do regimento das duas câmaras e da lei sobre as eleições e número de deputados da nação.Após o encerramento das Cortes por D. Miguel, seguiu para o exílio, onde teve um papel activo na angariação de fundos para a causa liberal e pertenceu à Junta do Conselho da Regência.Finda a guerra civil e restabelecida a Carta Constitucional, recebeu, em 1834, a carta de conselheiro real, em reconhecimento dos serviços prestados à pátria. Ainda nesse ano, não só seria eleito para o senado da Câmara de Lisboa – que não chegou a integrar, pois assumiu o mandato de deputado – como se tornaria no primeiro presidente da então fundada Associação Mercantil Lisbonense.Em 27 de Maio de 1835, é chamado ao ministério chefiado pelo marquês de Saldanha, para se encarregar, até Julho seguinte, da pasta dos Negócios da Fazenda.Voltou a assumir essa pasta em 18 de Novembro de 1835, no ministério chefiado por José Jorge Loureiro, da qual se ocuparia até 6 de Abril de 1836, altura em que faz publicar o Relatório do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, Apresentado na Câmara dos Senhores Deputados na Sessão de 29 de Fevereiro de 1836.Durante esses dois mandatos governamentais, debateu-se com o agravamento da situação financeira, suscitado pelos empréstimos contraídos pelo gabinete de José da Silva Carvalho, por si considerados como "acidente e como uma desgraça" e apenas tolerados enquanto recurso excepcional e nunca "como meio de administração e como modo de regular a prosperidade". Havia, contudo, um ponto de passagem entre o seu pensamento e o de José da Silva Carvalho, que se traduzia na necessidade de vender os bens nacionais "sem quaisquer formalidades embaraçosas", mas, ao contrário do seu anterior homólogo, que aceitara papéis de crédito, considerava que o pagamento dos bens deveria processar-se em dinheirode contado ou metálico.Descontente com a situação política e frequentador da Sociedade Patriótica Lisbonense, local de reuniões e de discussão de propostas mais radicais para a sociedade portuguesa, aderiu à revolução de Setembro de 1836, vindo a ser senador de 1838 a 1842. Entretanto, em 6 de Fevereiro de 1837, recebera o título de 1.º barão de Vila Nova de Foz Côa.Restaurada a Carta Constitucional, passa à oposição declarada, pelo que chega a ser preso por actividades contra o Estado.Representando o advento da Regeneração a derrota do projecto democratizante que defendia, afastou-se da política e dedicou-se exclusivamente a assuntos jurídicos e literários, nomeadamente, filológicos, a que vinha a dedicar-se há algum tempo. Publicou vários trabalhos nesta área e artigos no jornal Pantólogo, que assinava com Y.Em 1861, aos 81 anos de idade, D. Luís nomeia-o par do Reino, em reconhecimento de uma vida dedicada à causa pública.Segundo a História da Maçonaria, pertenceu a essa sociedade secreta, onde adoptou o nome simbólico de Séneca, exercendo os lugares de grande administrador, em 1821, e de grão-mestre do Grande Orienteda Maçonaria do Sul, entre 1840 e 1849.Era comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, cavaleiro da Ordem de Cristo e sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Extracto do livro:

Título: Dos secretários de estado dos negócios da fazenda aos ministros das finanças : 1788-2006 uma iconografia / coord. de Mário Pinho da CruzEdição: 1ª edPublicação: Lisboa : Secretaria-Geral do Ministério das Finanças e da Administração Pública, 2006